Editorial

É muito fácil prometer

Passados nem dois meses da tragédia do Vale do Taquari, em que a solidariedade foi a única pontinha de esperança diante de um cenário de catástrofe em que cidades gaúchas foram praticamente varridas do mapa, a coisa arrefeceu. Se ali nas primeiras semanas de setembro gestores públicos faziam fila para prometer verbas, incentivo e tudo mais, agora chegou a hora do "veja bem" burocrático. Apenas uma parcela dos recursos federais e estaduais prometidos foram colocados em prática.

Mais uma vez, a burocracia parece ter emperrado o repasse dos recursos. Do cerca de R$ 1 bilhão prometido, "apenas" R$ 300 milhões já chegaram, através de uma linha de crédito direcionada a agricultores. A promessa é que mais R$ 600 milhões venham até o final da semana, em crédito para empresários e profissionais liberais. No entanto, a demora gera preocupação. A ausência de Lula (PT), presidente da República, foi motivo de crítica, mas justificava-se dizendo que seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), ministros e até a primeira dama apareceram na cidade fazendo fotos e participando de entrevistas coletivas à época. Agora, tudo soa como o mais puro marketing. Após promessas, foi necessária pressão da imprensa local, como fez o jornal A Hora, através de capas e editoriais cobrando solução, para que começassem a se mexer.

O Estado também vem falhando nisso. O próprio A Hora destacou uma frase do governador Eduardo Leite (PSDB) dizendo que a burocracia não poderia travar a ajuda. Porém, dos mais de R$ 100 milhões prometidos à época para a construção da região, quase nada chegou lá. Segundo o jornal, pessoas seguem amontoadas em ginásios e abrigos e só 40 casas, em Arroio do Meio, começaram a ser reconstruídas. Muçum, Roca Sales, Encantado, Cruzeiro do Sul e Lajeado seguem com gente vivendo de maneira precária.

Diante do cenário, é bom que a própria Zona Sul abra o olho agora quando vive crise própria. A questão do fechamento de leitos, se não tratada com ações urgentes, vai se tornar um caos gritante. Se acreditarmos apenas em promessas políticas, corremos risco de ver os hospitais se afundando em crise financeira e o rombo se tornar ainda pior, podendo gerar consequências ainda mais catastróficas. Que a burocracia seja contornada no Vale do Taquari. Que a burocracia não prejudique ainda mais a Zona Sul. Assim espera-se.

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